terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

OS CTGs DO NÃO PODE - Breve opinião...

Todos de alguma forma ou outra conhecem algo do Tradicionalismo Gaúcho, seja identificando a indumentária, ou o linguajar bem próprio do Tradicionalista, ou a cultura em forma de musicas e poesias.
Por vezes, em alguns municípios, alguns CTGs por culpa de suas patronagens acabam fazendo uma gestão anti-cultural. Ou seja; tornando o CTG um ambiente hostil, com regras contraditórias aos princípios originais do Movimento Tradicionalista.
O mais importante é que se trata de uma entidade altamente democrática, sem preconceitos de raça, credo, ideologia política, classe social ou de idade. Todos são iguais nos CTG, com mesmos direitos e mesmos deveres. Alias deveria por regra ser assim em todos os rincões em que se fundar um CTG. Mas o que vemos, o que sabemos é que inúmeras vezes o que acontece é bem o contrario do que prima o MTG em seu estatuto social.


OS CTGs DO NÃO PODE

Em vários o que mais se tem são regras dizendo; “Não pode isso, não pode lenço assim, bombacha deve ser tal, não pode tal armada, só laça quem paga”...
Estes CTGs do “Não pode” estão fadados ao fim, mais cedo ou mais tarde. O que preocupa é que com eles, morre a vontade de muitos jovens e até adultos em cultivar a tradição e a cultura Gaúcha.
Não se priva alguém de fazer parte do movimento por não ter alguns cobres na gibeira pra pagar a tal mensalidade no fim de mês. Ou por ganhar pouco e preferir comer do que gastar os pilas pra comprar uma pilcha conforme rezam as cartilhas.
O que digo eu pobre diabo inculto e sem carteirinha de sócio?
digo; se matem sozinhos,  mas não matem o tradicionalismo com vocês...
Orientem, ensinem o que de fato é, o que de fato foi e como tem que ser, mas não impeçam por conta de alguns cobres, ou pior, por conta de seus egos inflados que um ser deixe de conviver e comungar a cultura e tradição gaúcha por conta disso.
Os verdadeiros donos dos CTGs são o povo, os herdeiros da tradição e da cultura passada por gerações de pai pra filhos e netos.
As pessoas e as entidades tradicionalistas podem fazer tudo o que estiver adequado à tradição e ao folclore gaúcho e devem, ao fazer a representação, ao participar das atividades tradicionalistas e ao trajar-se de forma tradicional, seguir as regras espontâneas, fruto da história de uma sociedade que se formou a partir da ocupação de um território cuja única riqueza eram os seus vastos e desabitados campos, onde os bovinos e eqüinos, trazidos pelos jesuítas, proliferaram espantosamente entre meados do século XVII e início do século XIX.
Esse movimento começou há muito tempo.

Em agosto de 1947, em Porto Alegre, eclodiu forte uma proposta de esperança, onde a liberdade e o amor à terra tinham vez e lugar. Jovens estudantes, oriundos do meio rural, de todas as classes sociais, liderados por Paixão Cortes, criam um Departamento de Tradições Gaúchas no Colégio Júlio de Castilhos, com a finalidade de preservar as tradições gaúchas.
No dia 7 de setembro, à meia noite, antes de extinto o "fogo Simbólico da Pátria", Paixão Cortes, na companhia de Fernando Machado Vieira e Cyro Dutra Ferreira, retirou a hoje cinqüentenária "Chama Crioula", que ardeu em um candeeiro crioulo até a meia noite do dia 20 de setembro, quando foi extinta no Teresópolis Tênis Clube, onde se realizava o primeiro Baile Gaúcho, por eles organizado.

A INCLUSÃO DE BARBOSA LESSA NO MOVIMENTO

Especial episódio diz respeito à inclusão de Barbosa Lessa ao núcleo formado por Paixão Cortes. Barbosa Lessa presenciou a passagem da guarda à Canabarro quando encontrava-se na Praça da Alfândega e, tomado de interesse, tratou de saber quem eram aqueles que ali estavam. Soube tratar-se de alunos do "Julinho". Como também era aluno da mesma escola, tratou de conhecê-los. Dois dias após, quando a Chama Crioula chegou ao "Julinho", lá encontrou Barbosa Lessa como um dos participantes e organizadores da 1ª Ronda Crioula. O entrosamento com o grupo foi acelerado quando o piratinense começou a registrar, num caderno escolar, a assinatura dos interessados na fundação do que chamava " Clube de Tradição Gaúcha.
 Logo após a concretização da fundação oficial da nova entidade em 24 de abril de 1948: o "35" Centro de Tradições Gaúchas. De pronto, o "35" começou a estender suas atividades ao auditório da FARSUL, realizando, a li, conferências, sessões de estudo, tertúlias e outros eventos artísticos – culturais

O PRIMEIRO CTG: "35" CENTRO DE TRADIÇÕES GAÚCHAS

No primeiro ano de vida do "35", este passou por três fases bem distintas: implantação, arregimentação e a preparatória, onde foi eleita a primeira diretoria oficial Paixão Cortes foi escolhido como o Patrão de Honra do "35" CTG, sendo que o primeiro patrão oficial foi o taura Antônio Cândido da Silva Neto, de Dom Pedrito, e na fase provisória, coube a Glaucus Saraiva a tarefa de ser o Patrão por ocasião da fundação.
Em 1956, Antônio Augusto Fagundes assumiu as rédeas do "35" como o seu mais novo patrão, pois tinha, à época, 21 anos.
No seu início, começou a despontar algumas figuras importantes , tais como: 1º Gaiteiro: Paulo Grosso, apelidado de Paulo Camola, acompanhado por Barbosa Lessa e Jacinto Camargo ao violão.
Outro gaiteiro de destaque chamava-se "Motta", pois acompanhava as atividades de pesquisa do "35", conduzidas por Paixão Cortes e Barbosa Lessa, das danças tradicionais.
Os primeiros declamadores foram Dirceu Tito Lopes, Paixão Cortes e Glaucus Saraiva.
Tio Waldomiro, o mais experiente e com mais idade do grupo de fundadores, era grande poeta e incentivou a gurizada desde as reuniões na casa do Paixão. O grande trovador da época era Wilmar Winck de Souza, o " Provisório". Dentre os cantores estavam Barbosa Lessa e Antônio Cândido da Silva Neto.
 Os fundadores do "35" CTG eram, na maioria, jovens estudantes vindos da campanha para a capital, com o desejo de melhorar e adquirir novos conhecimentos. Procuravam criar um espaço onde pudessem, num grupo de iguais, por momentos, reviver suas origens do campo, trazidas junta a sonhos e livros, mas marcando, também, uma resistência diante da possível deterioração da sua identidade cultural.

A importância do "35" no contexto do Movimento Tradicionalista Gaúcho não está por ter sido a primeira entidade a ser criada, até por que muitas outras lhe antecederam na história, mas sim pelo modelo apresentado, o que levou ao desenvolvimento de um movimento social, tradicionalista, de forma or ganizada, do qual muito se espera, dentro e além fronteiras do Rio Grande do Sul.

BIBLIOGRAFIA
  • FERREIRA, Cyro Dutra Ferreira
  • JORNAL TRADIÇÃO - entrevistas com Cyro Dutra Ferreira e Barbosa Lessa
  • LIVROS DE ATAS - CHARLAS DE PATRONAGEM DO "35" CTG
  • BENFATTO, Ivo - Artigo: Tradicionalismo -Tradicionalista


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