sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

UM LÍDER À IMAGEM E SEMELHANÇA DE SEU POVO

por: Rafael Patto

Para alguns, pode parecer incompreensível que, mesmo diante de constante bombardeio da mídia, que não se cansa de tentar macular sua honra, Luiz Inácio Lula da Silva continue sendo uma liderança popular inabalável. Dizer que Lula é um fenômeno já se tornou um lugar comum, mas é importante reconhecer que a confiança que o povo lhe tem não é um dado injustificável, muito pelo contrário, essa confiança tem um lastro de identificação absolutamente sedimentado na trajetória de luta que coloca Lula lado a lado do povo trabalhador desse país. Não é por outra razão que, quanto mais apanha, mais Lula encontra amparo nos braços do povo que se sente também diretamente atacado e ofendido por essa imprensa que tanto imola o maior líder popular da nossa história.

Uma coisa é a identificação fetichista de um grupo de pessoas em relação a um líder, o que, antes de ser uma identificação, é, na verdade, uma projeção psicológica de uma subjetividade coletiva sobre um objeto compartilhado por esse coletivo. Esse fenômeno psicológico ocorre quando a “massa” carente, sem auto-estima, reconhece na figura do líder a compensação para as suas faltas e carências. É como se esse líder personificasse o “poder” que a “massa” acredita não possuir. Isso pode ser perigoso. Grandes tiranos e ditadores que a humanidade já conheceu se fizeram a partir dessa idolatria fetichista, que em alguns casos pode até ser doentia.

Outra coisa bastante diferente é a identificação por auto-reconhecimento. Isso ocorre não quando o líder é percebido pelo coletivo como alguém superior e que não padece das mesmas fraquezas e imperfeições que a “massa” tenta renegar em si mesma, mas, ao contrário, quando esse líder é visto como um igual. Porém, um igual que faz com que essa “massa” passe a enxergar em si as virtudes que não eram anteriormente vistas, nem por ela mesma. Uma “massa” que, a partir de seu líder, resgata sua auto-estima e ressignifica a sua auto-imagem porque vê no seu líder não aquilo que falta em si, mas aquilo que possui e estava esquecido.

A mais perfeita tradução disso é aquela célebre frase dita por um cidadão comum: “o Lula sou eu lá”. Isso não é fetichismo deslumbrado nem idolatria histérica. Isso é auto-reconhecimento. E admiração tão sincera assim só é possível porque subsiste uma identificação intersubjetiva muito verdadeira, que tem origem na história de luta de um nordestino, ex-flagelado, ex-retirante, que tinha tudo para dar errado na vida, e que, ainda assim construiu uma trajetória de vitórias e importantíssimas conquistas pessoais, tornando-se operário, líder sindical, fundador de partido político, Presidente do Brasil, e, finalmente, líder popular dos mais respeitados e reverenciados em todo o mundo. É todo esse entusiasmante roteiro biográfico que permite a Lula ativar o componente narcísico de cada um dos indivíduos que formam a enorme massa de pessoas que o amam. Lula é esse espelho para o qual a gente não se cansa de olhar porque ele nos revela o melhor que temos em nós mesmos.

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